– E então? – falei.
O homem sentado à minha frente de repente sorriu, cruzou os pés na cadeira, recostou-se, sem pressa:
– Policial, cadê as provas do crime? Quem praticou o crime?
– Você, claro.
Ele deu uma gargalhada que ecoou pelas paredes, balançando todo o corpo num frenesi, como um boneco de teatro, as mãos a acenarem para si mesmo, em gesto teatral, louco, inverossímil:
– Meu amigo, pelo amor de Deus, eu não existo, eu sou uma ficção, eu e a Silvinha, nós não pertencemos à realidade.
Olhei para o homem, a quem agora se juntara a atendente, ambos sem rostos, sem documentos, apenas dois personagens...
(crime inaudito)
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